28/12/2016




villa-istoe
Marco Antonio Villa
Quem, em janeiro, imaginou que terminaríamos o ano com a derrota acachapante do projeto criminoso petista? E com Dilma fora da Presidência? E mais ainda: Lula como penta-réu? Poucos, certamente. Lula e o PT se apresentavam ao País como um eterno presente. Estávamos condenados à dominação petista por muitos anos. A oposição parlamentar, sempre receosa, evitava o confronto aberto. Preferia saborear alguns nacos de poder nos governos estaduais e municipais. Tudo mudou quando as ruas deram novo ritmo à História, rompendo com a letargia dos políticos profissionais. A anomia foi substituída pelo desejo de participação cidadã como nunca vimos no Brasil. O que parecia impossível acabou se realizando. O isolamento do PT, a inépcia político-administrativa de Dilma, o petrolão, as condenações da Lava Jato, a crise econômica levaram milhões às ruas e o impeachment foi aprovado de acordo com o disposto na Constituição. O fim do pesadelo ocorreu de forma tranquila. As ameaças de Lula não se cumpriram. Não houve confrontos que colocassem em risco à ordem pública. Tudo ocorreu em relativa paz.
O PT quis transformar a derrota em vitória. Insistiu em chamar o novo governo de golpista. Contou com o apoio de partidos e movimentos associados ao seu projeto criminoso. Recebeu também solidariedade de artistas e pseudointelectuais. De nada adiantou. E a fragorosa derrota eleitoral de outubro – o partido foi esmagado nas urnas – sepultou a “defesa da legalidade”. Sem slogan e apoio popular restou ao PT traçar uma nova estratégia. A questão não é mais o poder, mas a sobrevivência partidária e de suas principais lideranças ameaçadas de prisão, especialmente Lula – considerado pelo Ministério Público Federal o “comandante máximo da organização criminosa.”
O ano termina em compasso de espera. As 77 delações de acionistas e executivos da Odebrecht devem atingir as principais lideranças políticas. Tudo indica que o País dará um salto de qualidade. Se o impeachment encerrou o trágico capítulo histórico petista, as delações vão abrir espaço – em meio a uma provável turbulência política, com reflexos diretos na economia – à redefinição do Estado democrático de Direito. Dessa vez, as mudanças serão profundas. O espírito de 2016 não vai desaparecer – para desespero dos políticos tradicionais."

03/12/2016


  Publicado no O Antagonista em 02 de Setembro de 2016


Não confiável porque interminável


Por Mario Sabino

O Brasil é interminável.

Dilma Rousseff foi retirada da Presidência, mas Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski, aliados a parte do PMDB, PT e adjacências, conseguiram criar um imbróglio jurídico ao usar de truques regimentais e livrá-la da inabilitação automática para o exercício de funções públicas durante oito anos. O artigo 52 da Constituição Federal foi rasgado, mas a lei é apenas um detalhe neste país infeliz.

Assim, em vez de celebrarmos, continuamos em suspense, por causa da batalha que será travada no Supremo Tribunal Federal. Há mandados de segurança contra a decisão de livrar Dilma e um do PT que pede a anulação total do julgamento no Senado.

O que devemos temer? Que o STF decida irresponsavelmente invalidar o julgamento e seja necessário que os senadores façam outro. Nesse caso, Dilma Rousseff voltaria à Presidência, porque já transcorreu o máximo de 180 dias que ela deveria ficar afastada. Teríamos, então, o processo de impeachment correndo no Senado com a petista instalada no Planalto. Um pesadelo.

O que devemos esperar? Que o Supremo conclua que o melhor é deixar tudo como está. Dilma Rousseff permanece fora definitivamente, mas habilitada a ser eleita e ocupar um cargo que lhe garanta foro privilegiado (esse é o motivo por trás da "compaixão" dos senadores que a pouparam da punição).

O que deveríamos almejar? Que o golpe contra a Constituição fosse revertido pelo STF e Dilma Rousseff penalizada como reza o artigo 52.

O fato de o Brasil ser interminável não nos causa apenas angústia. Causa insegurança jurídica em todos os níveis. Se senadores, com a cumplicidade do presidente do Supremo Tribunal Federal, podem interpretar o texto constitucional -- o grande contrato que rege o país --, mesmo quando ele não dá margem a dúvida, qualquer acordo pode ser questionado na Justiça.

Ao não afastar Dilma Rousseff da vida pública pelo prazo previsto em lei, estamos afastando investidores.

O Brasil não é confiável porque é interminável.

Perfeita a análise  feita pelo Blog O Implicante, sobre o vergonhoso papel da imprensa brasileira e mundial que, ao invés de informar, tenta influenciar o leitor manipulando dados, informações e pesquisas.  

Qualquer leitor bem informado haverá de concordar plenamente com o Implicante.


"Sete vexames que a imprensa passou em 2016 por tratar os próprios desejos como fatos

Republican U.S. presidential candidate Donald Trump makes a face as he and his wife Melania and members of their family leave the stage at his caucus night rally in Des Moines, Iowa February 1, 2016.      REUTERS/Scott Morgan

Análises acertadíssimas.

A imprensa brasileira (bem como a mundial) está demoralizada com a eleição de Trump. Vão dizer, é claro, que todos foram pegos de surpresa, mas a verdade é que durante TODO o processo eleitoral simplesmente confundiram torcida e análise, privilegiando as primeiras e atropelando as segundas.
Deu no que deu. Mas nossa grande mídia não estreou as vergonhas do ano apenas agora. A coisa foi contumaz neste 2016.
Selecionamos 7 momentos em que as análises foram mais do que furadas. Vejamos:

Impeachment

Ainda no começo do ano, muitos garantiam que não daria em nada. A Câmara iria barrar, o Senado travaria, ou mesmo o STF. O resto é história.

Cunha não cai

Já era uma previsão frequente, mas com a queda de Dilma Rousseff virou um ATESTADO: ele não vai mais cair. Afinal, ela foi impichada para protegê-lo. Pois é.

Lava Jato vai parar

Sim, a operação pararia. Formadores de opinião, influenciadores e demais videntes quase nada enviesados mandaram essa. A Lava Jato continuou e continua.

Brexit

Como que votarão pela SAÍDA da União Europeia? Claro que não! Até parece, não é mesmo? O Reino Unido não fará isso. Mas fez.

Acordo Colômbia/FARC

Era certeza que os colombianos votariam em favor do acordo. Até um Prêmio Nobel já estava programado e precisou ser entregue de todo jeito, fazendo a vergonha chegar a patamares inéditos.

Brasil “de esquerda”

Afinal, elegeu Lula e Dilma Rousseff, não é mesmo? A imprensa apenas se esqueceu de lembrar que tanto um quanto outro tiveram o CUIDADO de não tocar em pautas esquerdistas nas eleições. Neste ano, com campanhas municipais atipicamente mais “ideologizadas”, ficou comprovado que o povo vota contra o esquerdismo (bastava um candidato falar em “golpe” para ser rejeitado). E quem defendeu aberta e claramente a privatização entrou no primeiro turno.

Trump

Precisa falar alguma coisa? Praticamente TODOS os especialistas aqui do Brasil disseram que ele não entraria. Na verdade, a coisa foi mais profunda: primeiro, a candidatura não era algo sério; depois, ele perderia as primárias; e então, já que passou, perderia para Hillary. Fuéim.
***
Enfim, isso será frequente, sobretudo agora nos tempos de redes sociais, enquanto a imprensa insistir em misturar torcida com fatos. E estaremos por perto para tirar o merecido sarro desses adivinhos que tentam fazer de conta que a bolha na qual vivem representa a opinião geral."

01/12/2016

Principais pautas para as manifestações do próximo dia 04 de dezembro:


#FimDoForoPrivilegiado


#NãoAnistiaDeCorruptos




29/11/2016

Hora de ir para a rua novamente

Dia 4 de dezembro é dia de ir para a rua novamente, contra os golpes legislativos que estão sendo armados para deter a Lava Jato.

Eis os locais e horários:

(Reproduzindo convocação feita pelo site O Antagonista em 28.11.16 às 14:26)


06/10/2016


Esta deu no O Antagonista:

Pré-sal: o que o PT, de fato, defendeu até o fim


O PT e seus companheiros azucrinaram a sessão da Câmara até o fim, acusando os deputados de entregarem a Petrobras e as riquezas nacionais para os estrangeiros. Falaram em dilapidação do patrimônio público.

Dilapidação foi o que ocorreu nos anos de lulopetismo, quando a dívida da empresa explodiu (vejam os quadros) e o faturamento praticamente estagnou. Entre outros motivos, por causa da camisa de força imposta à empresa: ser obrigada a participar de todos os projetos do pré-sal, em nome do "interesse nacional" que, hoje sabemos, atendia mesmo era aos interesses da escumalha.

O resto é chororô para os filminhos que exibirão no YouTube.

02/10/2016

Para refletir, pois tem tudo a ver com o nosso futuro


 (postado pelo Antagonista): 

 

"29 de Setembro de 2016

 

Se você tem Teto de Gastos, o governo também precisa ter


Por Rodolfo Amstalden

O Antagonista fez campanha pelo impeachment.

Agora fará campanha pela PEC 241, que é hoje análoga ao que fora o Plano Real em 1994.

Nem todo mundo entende o Teto de Gastos.

Muita gente não entendia o Plano Real antes de sua adoção.

Mas a lógica é convincente e produz resultados formidáveis.

Basicamente, vamos impor ao setor público a mesma restrição orçamentária que nós, indivíduos, temos que administrar a cada dia.

Você recebe seu salário no começo do mês e planeja como gastá-lo. Não existe almoço grátis. Toda decisão é pensada. Qual escola posso pagar para o meu filho? Que tipo de azeite devo comprar?

No fundo, isso é saudável. Decisões pensadas são melhores que as tomadas por impulso ou à custa dos outros. Precisamos saber escolher dentro de nossas próprias restrições.

Se você gasta mais do que ganha, vai se endividar e terá de arcar pessoalmente com essa dívida.

Justo, não?

Com o governo brasileiro, não funciona assim.

Se ele (ou ela) gasta mais do que ganha, eu e você pagamos a conta, sob a forma de inflação, juros e desemprego.

O Teto de Gastos muda o jogo, obrigando o governo a enfrentar as consequências de seus próprios atos, evitando o repasse covarde à sociedade.

Resultará, portanto, em imediata queda da inflação, corte na Selic e crescimento da atividade.

Não quero, com essa breve explicação, fingir que o tema é trivial, tampouco romântico.

É um tema aborrecido, obviamente.

Mas, depois da queda do PT, precisamos reconstruir o país."

Meu comentário:

Pode parecer duro e difícil, mas a verdade é que só começaremos a viabilizar um país desenvolvido se o governo começar a ser governado. 

 

Daí, então, poderemos, quem sabe, esperar uma redução da carga tributária e, com esta redução, a possibilidade de crescimento sustentado na iniciativa das pessoas (iniciativa privada).

Em 1989 a carga tributária era de 22,15% do PIB. Em 2015 foi de 32,66% do PIB (dados da Receita Federal).

Em resumo: 

- em 1989, num ano, trabalhávamos 80 dias para o Governo;

- em 2015, foram necessários 119 dias de trabalho, para quitar todos os tributos.

Sempre que alguém inventa alguma despesa para o Governo, a conta é repassada para todos. Mais de 3/4 dos tributos arrecadados são indiretos - o consumidor paga embutido no preço das mercadorias e serviços que adquire.

Dar um limite de gastos ao Governo, portanto, significa dar um limite para a carga tributária.


Pagando menos tributos, as pessoas e empresas podem direcionar o restante para atividades que estimularão o crescimento do país, gerando mais emprego e mais renda.




27/09/2016

Vale a pena ler a lista postada no Blog Implicante (clique sobre o link para ir ao Blog original):


Coletânea patética: 10 lorotas petistas que foram totalmente desmentidas só nos últimos dias



Um dos termos da moda é a tal da “narrativa”, que diz respeito ao posicionamento de determinado grupo em meio a uma guerra de informação. Muitos acham a expressão um tanto cafona, mas é o que temos para hoje e, convenhamos, esse é o menor dos problemas.
O essencial é fazer passar a verdade, mesmo.
Desse modo, trazemos aqui uma verdadeira COLETÂNEA, que só não é “histórica”, no sentido amplo da palavra, porque abarca um período de poucos meses. Apenas nesse curto espaço de tempo uma porção de versões narrativas foram desmentidas pelos fatos concretos.
Confiram a lista das 10 principais:

1 – dilma “não foi citada” na lava jato

Sim, eles falavam isso e ainda hoje alguns insistem. É uma coisa que chega a parecer patológica, já que as menções às campanhas eleitorais surgem aos borbotões, quase que por meio de TODOS os delatores. Além disso, vale lembrar que Dilma Rousseff constava daquela primeira lista de Rodrigo Janot (quem se lembra dela?) e que o próprio STF autorizou abertura de investigação contra a ex-presidente. E agora, uma vez afastada do cargo, pode ser investigada também por atos praticados fora do exercício da Presidência.

2 – impeachment vai “salvar eduardo cunha” e “barrar a Lava Jato”

Essa foi campeã, não é mesmo? Davam como certo, fatura líquida, fato inequívoco: o impeachment de Dilma salvará a pele de Eduardo Cunha e ainda por cima enterrará a Lava Jato. Comentamos aqui a quebrada de cara e o naufrágio dessa versão. Mas, de fato, nada precisaria ser dito. Cunha foi cassado e a Lava Jato está mais forte do que nunca, agora pegando peixes ainda maiores.

3 – o “mundo” não reconhece o impeachment

Tentaram, deu errado, mas muitos ainda insistem. Logo de cara, mostramos que os países a não reconhecer o novo governo são todos eles sortudos ganhadores de financiamentos durante as gestões petistas. O velho time de sempre: Cuba, Venezuela, Bolívia. Recentemente, na ONU, seis delegações resolveram fazer pirraça contra a missão brasileira e, também como demonstramos, cinco delas eram de ditaduras/protoditaduras socialistas. Ah, sim, em tempo: EUA, Europa, China, Japão e os países da América Latina e da África que realmente importam obviamente reconhecem o governo de Michel Temer.

4 – temer “contraria o projeto” eleitoral de Dilma

Quando não havia mais para onde correr, diante do fato que SIM, SIM, SIM, TODO MUNDO QUE VOTOU EM DILMA ROUSSEFF TAMBÉM VOTOU EM MICHEL TEMER, resolveram adotar uma desculpinha a um só tempo esfarrapada e inverídica: o novo governo contrariaria o projeto eleitoral de Dilma. Claro que isso é mentira, já que a própria sra. Rousseff contrariou seu projeto e justamente Temer é quem agora segue boa parte do que foi proposto em campanha.

5 – PMDB “Golpista”

A falácia do “golpe” já foi suficientemente desmentida, considerando a constitucionalidade do processo, a participação do STF, a observação das leis, garantia de ampla defesa e devido processo. Mas eles insistem, ora, e vão além: o PMDB, partido de Temer, seria grande responsável pela coisa. E eles falam isso até hoje, tá pensando o quê? O problema é que o PT está coligado com o referido PMDB em nada menos que OITO MIL chapas nas eleições deste ano. Para se ter uma ideia da coisa, foi feito até mesmo um mapa dessa verdadeira UNIÃO ESTÁVEL dos partidos.

6 – liberaram pedaladas depois do impeachment

Segundo consta, a versão nada verídica começou com uma reportagem errada, corrigida no mesmo dia. Mas isso pouco importa para essa rapaziada e então passaram a difundir que estava liberado “pedalar”, por decisão do congresso. O próprio Lula falou isso, sem que a imprensa o rebatesse (como sempre, deixam pra lá o que ele diz, fazendo repercussão mecânica e acrítica). Mas, não, não foi liberada pedalada nenhuma.

7 – PF “confirma” que triplex não é do lula

Essa é outra que, quando surgiu, pareceu inacreditável. De repente, surgem notícias alegando algo do tipo. Mas, como sempre, foi aquela mistura de falta de noção das coisas, pouca informação e, talvez, certa dose de má-fé. Como a Polícia Federal indiciou um triplex no prédio onde existe aquele atribuído a Lula, uns espertuchos bateram o martelo: então não é dele. Pois não há apenas um triplex naquele edifício, de modo que nesse indiciamento havia OUTRA UNIDADE. A esta altura, claro, já sabemos disso. Mas quase que emplacam mais essa.

8 – não há prova contra Lula, só convicção

Surgiu, como quase sempre acontece, de uma mentira pura e simples. Isso mesmo: mentira. Colocaram uma frase nunca pronunciada na boca de um integrante da força-tarefa da Lava Jato, mas ele nunca disse isso. Fora que, OBVIAMENTE, há uma fartura de provas na denúncia contra Lula. Recibos, fotos, depoimentos, comprovantes de transferência bancária, notas fiscais etc.

9 – A Reforma do Ensino Médio veio às pressas

Essa começou tem cerca de uma semana, e claro que é lorota. A cascata é tão evidente que até mesmo a própria Dilma chegou a mencionar alguns pontos da reforma, no programa eleitoral. Mas, sim, as medidas vem de muitos anos de estudo e faltava coragem, oportunidade e apoio político para implantá-la. Então, não, não foi feita às pressas. Eles são contra, no fim das contas, porque sabem que será algo muito bom – e trará efeitos políticos positivos à nova gestão. Só por isso que não estão apoiando.

10 – mantega foi preso num centro cirúrgico

Petistas tomaram as tribunas, redes sociais, colunas de jornal e atestaram: foi uma desumanidade! Onde já se viu? O ex-Ministro da Fazenda de Lula e Dilma, Guido Mantega, foi preso DENTRO DE UM CENTRO CIRÚRGICO! Absurdo, não é mesmo? O problema é que isso é mentira. Ele não estava num centro cirúrgico, nem mesmo sua mulher lá estava. Ela fez uma endoscopia e tanto ninguém sabia disso que mesmo a filha de Mantega não fazia ideia. Por fim, ele foi preso de forma discreta, uma regalia que nem todo mundo tem – para depois ainda ser solto, pois Sergio Moro acreditou que estivesse mesmo numa situação de gravidade hospitalar, não um exame desse tipo. Ou seja, pode ser que essa historinha falsa ainda dê muito errado para eles.
Notem que essas dez cascatas são apenas dos ÚLTIMOS DIAS. Imagine o número de tópicos para quem quiser fazer um levantamento dos últimos anos. Fica a sugestão de um livro, para quem tiver mesmo paciência para pesquisar. E, claro, para editora que tenha à disposição mais de mil páginas para uma única obra (ou talvez o primeiro tomo de grande coleção).
E tratem de divulgar essa lista! Compartilhem, guardem para quando algo assim aparecer etc. Deu trabalho fazer, poxa!

23/09/2016


Descrição: http://blog.kanitz.com.br/wp-content/uploads/2016/09/objetivo-de-vida-678x381.jpg

O artigo abaixo é um dos melhores que já li:

Combater a Direita Não É Um Objetivo de Vida

Por Stephen Kanitz

Foram seres humanos de uma música só.

Tempo de leitura: 2 minutos

Fico triste ao ver como a maioria dos meus colegas professores da USP, e jornalistas que conheci, fizeram seus únicos objetivos de vida o combate à Direita.

Foram seres humanos de uma música só. Nada mais fizeram além de ensinar às novas gerações que combater a Direita seria o objetivo de vida deles também.

Fico estarrecido porque não vejo nenhum interesse das novas gerações em bitcoin, por exemplo, que poderia tirar o monopólio e os lucros exorbitantes dos bancos, bandeira dessa mesma Esquerda.

Nenhum esquerdista me procurou sobre bitcoins, e tenho certeza que nem QI possuem para começar a entender. Já tentei.

Ou se interessou por AI, DNA, genética, singularidade, impressão 3D, matemática, drones, realidade aumentada, ciência em geral.

O objetivo era mudar o mundo, como se tivessem inteligência para tanto, e nada fizeram, e continuam querendo o poder.

Maus-caracteres, todos.

Insuflaram a minha geração – a geração X – e a geração Y a lutar contra a Direita, e ponto final.

Nem explicaram que como as Esquerdas, também existem várias Direitas, que essas gerações nem suspeitam.

No fim da vida vejo esses proto-esquerdistas uns grandes fracassados, com um enorme senso de frustração.

De terem jogado uma vida fora, que de fato foi o que fizeram, mas não admitem.

Não fizeram nada além de disseminar o ódio ao capitalismo e às Direitas.

Nem um único livro de autoajuda escreveram, nem um projeto de pesquisa criaram que pudesse perdurar as suas vidas.

Pegue Eduardo Suplicy, sua única ideia na vida, o Renda Mínima, ninguém nem a Dilma quer mais ouvir.

E aos 75 anos quer voltar a ser vereador. Único cargo que consegue ser eleito tirando a oportunidade de um jovem de Esquerda testar suas ideias.

Vereador é para descobrirmos novas lideranças Eduardo, deixe de ser ridículo.

Pior, no fim de suas vidas nossos intelectuais da USP e jornalistas devem perceber que fortaleceram a Direita.

Nunca vi tantos blogs de Direita, da nova Direita, de liberais, de social liberais, de ordoliberais, de neoliberais, de conservadores cristãos, de libertários e comunitários.

Agora esses idiotas terão de combater 15 variações da Direita, e não uma.

E que vão ganhar, porque as Direitas não se dedicam exclusivamente a combater a Esquerda.

Direita também produz o pão e as roupas que essa Esquerda monossilábica usa.

Esse pessoal da Direita é quem produz as redes de internet que essa Esquerda compulsiva transmite, e assim por diante.

Que fim de vida inglório, ter que matar seu cachorro de estimação por falta de dinheiro.

Quantas coisas mais úteis essas Esquerdas poderiam ter feito na vida, como nós fizemos.

Por isso a Direita sempre vencerá a Esquerda.

Porque a Direita produz, inventa, empreende, progride e só nas horas vagas combate a Esquerda.

Que foi o nosso erro, pois a maioria da Direita dedicou zero à política, e a Esquerda dedicou 100%.

Isso agora acabou.

Link para o post original no Blog do Stephen Kanitz


10/09/2016

Postado no O Antagonista

09 de Setembro de 2016


Para ressuscitar um cadáver político


Por Mario Sabino

O PT sonha com um cadáver para chamar de seu e, nesse devaneio, conta com os jovens que alegremente se prestam ao papel de massa de manobra nas manifestações contra o governo de Michel Temer.

Um jovem morto pela polícia, em especial a de São Paulo, seria o “mártir” necessário para chancelar aos olhos do mundo que o impeachment de Dilma Rousseff foi um “golpe parlamentar”. Um jovem branco e universitário seria o “mártir” ideal para fazer grande parte da classe média brasileira voltar-se contra os atual inquilino do Palácio do Planalto e exigir as eleições gerais que, na fantasia petista, proporcionarão a Lula reocupar a Presidência da República – a única forma de o capo garantir foro privilegiadíssimo.

Muita gente se pergunta como é possível que jovens esclarecidos acreditem na mentira do “golpe parlamentar” e saiam por aí achando que estão em 1964, em luta contra a instauração de uma ditadura. A resposta é que eles não são esclarecidos. No ensino médio e nas universidades, sofreram lavagem cerebral por meio da doutrinação esquerdista que lhes é imposta como currículo obrigatório.

Não é de hoje que isso ocorre. Há quase quarenta anos, quando eu estava na faculdade, ainda sob o regime militar, havia aulas de marxismo. A doutrinação vinha disfarçada sob o nome de “Metodologia Científica” e “Problemas Filosóficos e Teológicos do Homem Contemporâneo”. Você se espantou com o “teológicos”? Não deveria. O marxismo é uma espécie de religião. Mais dogmática do que a católica.

Com a redemocratização do país, a doutrinação avançou sem medo de ser feliz e foi determinante para o PT conquistar o eleitorado jovem urbano. Agora, pode produzir um cadáver de verdade para ressuscitar um cadáver político.

Nossos alunos são péssimos nas disciplinas que nos dariam passaporte para a modernidade, mas ótimos em recitar clichês da esquerda. Eu recomendei aos meus filhos que, para obterem boas notas em redação, história e geografia política, escolhessem os argumentos com os quais eu jamais concordaria. Sei que não sou o único pai responsável.

No geral, apoio as premissas do movimento Escola sem Partido, que tenta reagir ao teatro do absurdo encenado no ensino brasileiro. O país, porém, é tão esculhambado que o movimento ganhou um ator de filmes para adultos como um dos seus porta-vozes. É a pornografia no combate à necrofilia ideológica do PT.

Publicado no O Antagonista:



5 de Setembro de 2016


A propaganda governamental é o mensalão da imprensa  


Por Mario Sabino

Hoje, finalmente, começou a ser desbaratado o esquema que PT e PMDB operavam nos fundos de pensão de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios. Uma ninharia estimada em 50 bilhões de reais. Enquanto a massinha de manobra da esquerda brasileira barbariza nas ruas contra o "golpe" do impeachment, a PF e a Justiça golpeiam a esquerda brasileira e os seus acólitos dentro dos limites da Constituição.

Aparelhados pela companheirada, os fundos de pensão dessas estatais igualmente aparelhadas entraram como sócios de negócios feitos sob medida para perder dinheiro dos trabalhadores e enriquecer a malandragem campeã nacional. O esquema esteve à nossa frente durante pelo menos dez anos, mas contou com o silêncio cúmplice da maioria das empresas jornalísticas, receosas de perder a verba publicitária controlada pelos criminosos.

Tal é o meu ponto: o escândalo dos fundos de pensão deveria levar à extirpação completa da excrescência chamada propaganda governamental. A pretexto de divulgar as suas realizações, ministérios, secretarias e estatais -- federais, estaduais ou municipais -- gastam bilhões de reais a cada ano para comprar consciências, promover políticos e partidos e encher as burras de agências de publicidade e comunicação que superfaturam contratos e repassam parte da grana para os encarregados de liberar a verba. Não há um país civilizado que desperdice tamanho volume de recursos dessa maneira.

A proibição de propaganda oficial em todos os níveis, além de economizar recursos e diminuir o grau de corrupção, fortaleceria a liberdade de imprensa. Sem a droga financeira administrada pelos governos, jornais e emissoras ficariam mais pobres, porém mais limpinhos. Mais limpinhos, não fariam vista grossa para um escândalo como o dos fundos de pensão das estatais. Ah, mas o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ficariam em desvantagem na competição com outros bancos que vivem anunciando e patrocinando. E quem precisa do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal? Vamos privatizá-los, assim como foram privatizados ou simplesmente extintos os bancos estaduais. Adiante: quem precisa da estatal Petrobras? Quem precisa da estatal Correios? Gente honesta não precisa.

A propaganda governamental é o mensalão da imprensa. É imperioso acabar com ele.

16/07/2016


AOS CRÍTICOS DA OPERAÇÃO LAVA JATO:


Muitos esquerdistas criticam a Operação Lava Jato. Cegos pela doutrinação comunista, não enxergam (ou não querem enxergar) o prejuízo que seu partido e governo causaram ao país.


A Operação Lava Jato não está apenas recuperando valores morais, mas também valores monetários. Graças a ela, até o momento, a Petrobras já recuperou mais de R$ 1,4 bilhão.

E, certamente, recuperará muito mais. Assim como os brasileiros decentes recuperarão o orgulho de serem brasileiros.

Uma medida do tamanho do prejuízo causado à Petrobras (principal investigação da Lava Jato) pode ser estimada a partir de uma nota divulgada pela própria empresa. Vide abaixo:

Fonte: www.petrobras.com.br/ri
 
 
Petrobras
 
 Acordo de leniência firmado entre autoridades brasileiras, Petrobras e SBM Offshore
 
 

Rio de Janeiro, 15 de julho de 2016 – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que assinou hoje, com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC), o Ministério Público Federal (MPF), a Advocacia Geral da União (AGU) e a SBM Offshore, acordo de leniência que prevê o ressarcimento de US$ 341,8 milhões (aproximadamente R$ 1,12 bilhão) pela empresa holandesa à Petrobras (US$ 328,2 milhões) e aos cofres públicos (US$ 13,6 milhões). O acordo é resultado de processo de negociação iniciado em março de 2015.

A Petrobras receberá US$ 149,2 milhões, em três parcelas. A primeira, no valor de US$ 129,2 milhões, será paga tão logo o acordo entre em vigor. A segunda e a terceira serão desembolsadas em 12 e 24 meses após a assinatura do acordo, cada uma no valor de US$ 10 milhões.

Os demais US$ 179 milhões representam o valor nominal que será abatido de pagamentos futuros, devidos pela Petrobras à SBM, com base em contratos vigentes.

Com o acordo, a SBM fica apta a participar das licitações em curso e de contratações futuras. Nesse caso, a SBM terá de passar por todos os filtros e controles de conformidade a que estão submetidos os fornecedores da Petrobras.

Este é um importante marco no conjunto de medidas que estão sendo adotadas para garantir o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela Companhia.

O valor do novo acordo soma-se ao montante já recebido pela Petrobras, a título de ressarcimento de danos, da ordem de R$ 310 milhões, por meio de acordos de colaboração premiada.

Segue abaixo a nota oficial conjunta sobre os detalhes do acordo de leniência:

“O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (“MTFC”), o Ministério Público Federal (“MPF”), a Advocacia Geral da União (“AGU”), a Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras (“Petrobras”) e a SBM Offshore firmaram hoje um acordo (“Acordo”) que encerra as investigações do MPF, do MTFC e da Petrobras acerca do pagamento de vantagens indevidas a empregados da Petrobras. A investigação do MTFC foi suspensa como resultado da celebração de um Memorando de Entendimentos entre o MTFC e a SBM Offshore em março de 2015. Após a assinatura do Memorando de Entendimentos, a SBM Offshore, o MTFC, o MPF, a AGU e a Petrobras engajaram-se em negociações que resultaram hoje na assinatura do Acordo.

Nos termos do Acordo, será concedida à SBM Offshore, pelo MTFC, pelo MPF, pela AGU e pela Petrobras, quitação e isenção total para ações legais relativas a todas as questões relacionadas a ou derivadas de quaisquer atos relacionados a seu então principal agente no Brasil e de suas empresas durante o período compreendido entre 1996 – 2012 e todas as investigações a elas relacionadas conduzidas pela Petrobras, pelo MPF e pelo MTFC.

O Acordo estabelece que a SBM Offshore e a Petrobras retomarão as suas relações normais de negócios.

Os termos do acordo final negociado entre as Partes são os seguintes:

• pagamento em dinheiro, pela SBM Offshore, no total de US$ 162,8 milhões, dos quais US$ 149,2 milhões serão destinados à Petrobras, US$ 6,8 milhões ao MPF e US$ 6,8 milhões ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras - “COAF”, para implementação de unidades de processamento informatizado massivo de informações e outros instrumentos a serem utilizados na prevenção e no combate à corrupção pelo MPF e pelo COAF. Essa quantia será paga em três parcelas. A primeira parcela, de US$ 142,8 milhões, será paga na data em que o Acordo entrar em vigor. As outras duas parcelas, de US$ 10 milhões cada, serão devidas respectivamente um e dois anos após a data de vigência do Acordo;

• e redução de 95% em futuros pagamentos de bônus de performance relacionados aos contratos de afretamento e operação dos FPSOs Cidade de Anchieta e Capixaba, que representa o valor nominal aproximado de US$ 179 milhões pelo período de 2016 a 2030, ou o valor presente para a SBM Offshore de aproximadamente US$ 112 milhões;

• a SBM fica obrigada ainda a cooperar com os processos que poderão ser conduzidos pelo MTFC e pelo MPF em desfavor de terceiros, como desdobramentos do caso.

• a implementação pela SBM de aperfeiçoamento em seu programa interno de integridade relacionado ao Brasil, conforme consultas com o MTFC, a quem a SBM, por três anos após a data de entrada em vigor do Acordo, se reportará periodicamente em assuntos tratados no Acordo. Esses ajustes não impactam as atividades regulares dos departamentos de conformidade da Petrobras e da SBM Offshore.

O Ministério Público Federal submeterá o Acordo, no que lhe compete, à deliberação 5ª Câmara de Coordenação e Revisão e Combate à Corrupção do Ministério Público Federal.

O MTFC irá, adicionalmente, remeter o Acordo ao Tribunal de Contas da União (“TCU”).

O Acordo constitui resultado do esforço de articulação institucional entre o MTFC, a AGU e a Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, que conduziram conjuntamente a negociação, com vistas à melhor resolução do caso.”

07/07/2016

Esta saiu no O Antagonista.


Toffoli: jurista, advogado ou chicanista?


O professor Adilson Dallari diferencia jurista, advogado e chicanista.


A saber:

"Jurista é aquele que tem uma linha de pensamento, expressada através de um conjunto de estudos publicados, que guardam entre si uma correlação lógica e especialmente uma plena coerência. A função do jurista, do doutrinador, é apresentar aquilo que ele entende como uma verdade científica. O jurista digno desse nome não pode, para defender um caso específico, sustentar algo diferente daquilo que afirma em seus estudos".

"O advogado comum, militante, defende interesses e pode, em suas petições, apenas apresentar os argumentos favoráveis ao seu cliente.O defensor da parte contrária certamente fará a mesma coisa. O juiz sopesará os argumentos produzidos por ambos e decidirá. O advogado comum não tem um compromisso com a verdade científica. O compromisso do advogado é com a ética profissional, com a lealdade processual".

"O chicanista não tem compromisso algum. Defende qualquer tipo de interesse, lícito ou ilícito, não tem qualquer preocupação com a coerência e, muito menos, com a ética".

E O Antagonista pergunta: onde Dias Toffoli se encaixa?

(clique aqui para o post original)


09/06/2016



Este artigo foi publicado no UCHO.

 O colunista Rizzatto Nunes aborda com pertinência uma das causas para o eterno subdesenvolvimento do nosso país.

A inveja como elemento de estagnação social


(*) Rizzatto Nunes e Claudia Calmon



Começamos contando uma piada:Três estudantes que estavam na mesma Universidade, ao irem participar de uma excursão numa grande floresta, perderam-se do restante do grupo. De repente, um deles encontrou uma garrafa mágica, a abriu e dela saiu um gênio. Este disse aos três: “Eu sou um gênio e dou a cada um de vocês o direito de realizar um desejo. Vocês podem me pedir qualquer coisa”.

O primeiro, muito ambicioso e competitivo, disse: “Eu tenho um vizinho, o John, ele mora numa mansão incrível! Eu quero uma mansão maior que a dele”.

O segundo, do tipo solidário, disse: “Eu tenho um vizinho, o Henry. Ele mora num castelo maravilho. Eu quero um castelo igualzinho ao dele”.

O terceiro, invejoso, disse: “Eu tenho um vizinho, o Igor. Ele tem um porco. Eu quero que você mate o porco dele”.

Agora uma narrativa de quem sofreu os efeitos da inveja.

Bernard Tapie, o famoso empresário francês, em seu livro autobiográfico intitulado “Ganhar”, dentre várias narrativas interessantes sobre como vencer na vida, mostra como a inveja é antiproducente e sempre estimula a paralisia. E, a respeito dela, ele conta uma fábula. Vamos narrar com nossas palavras o que aprendemos dessa história. É mais ou menos assim:

Havia duas irmãs, uma bacana, simpática, de vida normal com altos e baixos como todo mundo, e outra, invejosa, que vivia sofrendo. Certo dia, uma fada madrinha aparece para a invejosa e diz: “Vejo que você sofre. Pelos poderes que eu detenho posso te dar o que você quiser. Basta você pedir”.

A moça, então, pergunta: “O que você dará para minha irmã?”

A fada responde: “Isso não é importante, pois para você eu darei o que quiser. Pode pedir. Pode pedir qualquer coisa. Pode ser um castelo, podem ser milhões em ouro; pode até ser um príncipe! É só pedir”.

A moça invejosa insiste: “Não! Primeiro eu preciso saber o que você dará para minha irmã?”

“Ora, peça qualquer coisa, eu tenho o poder de te dar…”, voltou a repetir a fada.

Mas, não adiantou. A invejosa repetiu:

“Não quero. Primeiro me diga o que dará para minha irmã”.

“Está bem”, disse a fada, dando-se por vencida, “Para sua irmã eu vou dar o dobro do que você pedir”.

Então, a moça invejosa, pensou um pouco e depois fez o pedido: “Está bem. Eu quero que você me fure um olho”.
***
Resolvemos escrever este artigo por termos lido uma matéria que falava do “ódio aéreo” e que estava gerando problemas em voos e preocupação de companhias de aviação. Esse tal ódio seria o dos passageiros da classe econômica em relação aos da classe executiva . Ódio? Sim, talvez alguns “odeiem” e sintam raiva. Mas, preferimos pensar na inveja, tema que trazemos hoje para reflexão.

O efeito da inveja na sociedade nem sempre é facilmente identificado; às vezes, nem mesmo o invejoso percebe claramente o sentimento. Até atitudes de sarcasmo ou ironia podem ocultar a inveja.

De todo modo, o que os pesquisadores mostram é que em locais nos quais as pessoas são invejosas, a sociedade fica estagnada, parada ou até mesmo anda para trás. Ao contrário dos meios competitivos, onde o movimento social é para a frente, em direção ao progresso.

Quando pesquisamos a doutrina sobre a inveja, percebemos que alguns dizem que o invejoso quer possuir o que o outro possui. Mas, isso não é verdade. Quem diz isso não entende a inveja.

O invejoso não quer o que o outro tem. Não! Querer o que outro tem está ligado à admiração e também à competição. Com efeito, a admiração é um sentimento positivo, pois faz crescer o admirado e o admirador. Queremos dizer: de algum modo, quando alguém admira o outro ou as obras e realizações do outro, este é enaltecido e elevado moralmente (e, muitas vezes, materialmente, quando, por exemplo, valorizam-se suas obras) e, de certo modo, o admirador também se enaltece, pois participa de alguma maneira do objeto admirado; guarda-o dentro de si, faz com que ele melhore sua alma, sua experiência de vida.

Assim, a admiração e também os modelos competitivos estimulam os agentes sociais e impulsionam o movimento das sociedades; são elementos dinâmicos que dão vida e geram progresso. E não pensemos que competição diz respeito apenas aos esportes. Ela está em todos os lugares e se for bem administrada é bastante saudável: existe competição entre cientistas, pesquisadores, escritores, artistas, professores, médicos, advogados, engenheiros, etc. E a história da humanidade mostra como isso é muito bom com os casos de desenvolvimento e superação: um superando o outro, um ultrapassando o que o outro fez, melhorando suas invenções, aperfeiçoando sua arte, reorganizando as pesquisas do outro, aperfeiçoando seus produtos e serviços etc.. E isso é progresso.

Já, como dizia Bertrand Russell, “o invejoso, em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm”. Ele é, assim, negativo e inativo, passivo. Fica no sofrimento olhando o outro. E o mais importante: ele não quer ter o que o outro tem; nem igual nem melhor. O invejoso quer tirar o que o outro tem!

Mas, como dito acima, nem sempre a inveja é facilmente identificável, porque o invejoso pode agir nas sombras, às escondidas, por meio de intrigas e fofocas. Ele aumenta, inventa, deturpa, sempre com o objetivo de diminuir a imagem do invejado ou tentando fazer com que o invejado perca o que possui, que pode ser uma propriedade, um cargo, um título honorífico, um namoro ou casamento sólido, a alegria no lar, a felicidade entre amigos, um emprego seguro, rentável ou que dê visibilidade, enfim, qualquer bem material ou imaterial que afete o invejoso.

Portanto, a inveja é sempre negativa, é ação de diminuição de bens, posições, dignidades. O invejoso, como da anedota ou o da fábula narrada acima, prefere perder um olho para cegar o invejado do que enxergar melhor que ele.

(i) – Claudia Calmon é pedagoga, formada pela PUC/SP e fez cursos de especialização no Instituto Loris Malaguzzi em Reggio Emilia, Itália, e com Howard Gardner em Harvard.
(ii) – Matéria publicada no Caderno de Turismo do jornal “Folha de São Paulo” de 6-5-2016.

(*) Luiz Antônio Rizzatto Nunes é professor de Direito, Mestre e Doutor em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Livre-Docente em Direito do Consumidor pela PUC-SP e Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.